Covid, memórias de infância e rotina viram crônicas com Fabio Trad
Após uma vida de experiência com o Direito, entre as paredes da universidade e na política brasileira, o ex-deputado federal Fábio Trad tomou coragem para transformar trechos de sua narrativa em crônicas e contos que misturam ficção e realidade. Acolhendo um desejo que evoluiu com o passar do tempo, o advogado introduz que desde suas angústias até os anseios, um pouco de tudo foi transformado em palavras.“Passagens e memórias da infância e da adolescência, fatos cotidianos que me acionaram o alarme da sensibilidade, minha internação por covid, noveletas envolvendo amor sensual entre o nerd e uma prostituta e outras incursões na fantasia e na realidade”, com essa descrição, Fábio faz uma sinopse do que será encontrado entre as páginas de “Ruas que ainda transitam em mim”.
Lançada nesta quinta-feira (21), essa é a primeira obra de contos e crônicas escrita pelo autor. Tendo surgido naturalmente, ele explica que a vontade de criar nesses formatos literários veio como um processo de amadurecimento emocional e intelectual. Foi essa evolução que permitiu a liberdade e coragem para tirar as ideias da mente e publicá-las.
Antes da união entre realidade e ficção, Fábio havia publicado livros como coautor e coordenador de obras jurídicas. “Foram alguns meses na criação e aperfeiçoamento, mais alguns na revisão e reescrita. Sem pressa, mas com disposição e impulso vital”, relata sobre o último escrito.Olhando para sua trajetória, o escritor detalha que Clarice Lispector, Rubem Braga, Luís Fernando Veríssimo e Nelson Rodrigues estão entre os autores visitados para sua investida literária.
O livro reúne contos e crônicas, Um despretensioso esforço literário que trafega pelo lirismo, pela comicidade e, em certas passagens, mergulha de forma quase imprudente em temas da minha subjetividade, descreve Fábio.
E, ao refletir sobre qual personalidade assumiu para a escrita, o professor garante que são vários “Fábios” envolvidos. “A maioria deles é fiel à criança que cultiva dentro de si. Outros, posso dizer, mais taciturnos e reflexivos. Mas garanto que nenhum deles pretendeu ser mais do que o meu modesto tamanho”.
Em relação ao que espera enquanto resultado do contato com os leitores, Trad garante que não tem ideia do que as pessoas irão achar de seus textos.
“Confesso que não escrevi com o objetivo de melhorar a vida dos leitores. Escrevi porque achei oportuno publicar. Claro, se apreciarem, ficarei contente e gratificado”, completa.
O livro poderá ser adquirido através do site da Editora Life (neste link) e em livrarias de Campo Grande, Brasília e São Paulo que deverão ser consultadas também com a editora.
Confira abaixo um trecho do livro:
Ruas que ainda transitam em mim Tenho ruas impregnadas de passos vitais que me forjaram a condição de transeunte afetivo. São vias testificadoras de fugazes passos que narram capítulos do que vim a me tornar. A Barão do Rio Branco, entre a Rui Barbosa e a Pedro Celestino, convidativa na sua generosa dimensão, foi o meu primeiro latifúndio onde pastoreei até os seis anos, adestrando impressões e reconhecimentos da minha criancice inaugural.
Na rua Arthur Jorge, recém-asfaltada, pisei uma fértil adolescência, rica em controlados perigos e aventuras inacabadas. Ecoam, é certo, na sua esquina com a rua das Garças as exclamações de épicos lances de futebol de rua com gols balizados por pedras, urros de brigas amolecadas entre guris descalços, sussurros de beijos engenhosamente conquistados em princesas vizinhas nos namoros e “desnamoros” cobertos com muita energia vital. E põe energia nisso...
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sexta-feira, 22 de março de 2024