Após acidente, Conrado retoma carreira sem esquecer Aleksandro
Quatro dias em coma induzido, 29 dias na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e 46 dias de internação, sendo 20 deles em estado grave. É assim que João Vitor Moreira Soares, de 29 anos, o Conrado, contabiliza a passagem dele pelo hospital. No dia 7 de maio, o cantor se viu envolvido no acidente que colocou fim a vida do companheiro de trabalho e amigo Aleksandro. A dupla sertaneja se formou oficialmente em 2018, mas ambos se conheciam desde 2014.
Ao Lado B, Conrado fala sobre o acidente que interrompeu os planos de futuro com o amigo, a recuperação que segue fazendo parte do cotidiano e os próximos passos na carreira que levará adiante com outra pessoa.
Ele começa falando sobre o dia 7 de maio de 2022, quando o ônibus em que estava tombou na Rodovia Régis Bittencourt, em Miracatu (SP). “Quando aconteceu o acidente eu estava consciente e não perdi a consciência em momento nenhum. Eu estava todo quebrado, por questão de adrenalina, consegui ficar em pé. Foi uma situação bem triste, quando acordei no hospital lembrava de tudo que tinha passado”, diz. O acidente ocorreu no km 402 após um pneu dianteiro estourar, o motorista perder o controle da direção e o ônibus tombar no canteiro central. Na ocasião, além do cantor douradense de 34 anos, outras seis pessoas morreram.
Conrado relata os impactos que esse momento, descrito como um dos mais difíceis que viveu, o causou. Ele também afirma que ainda está se recuperando. “Eu quebrei em vários lugares, quadril, bacia, pélvis, foi uma recuperação bem longa. Sessões de terapia diárias de domingo a domingo para chegar no resultado. Tô em 90%”, explica. Para chegar aos ‘90%’, o músico diz ter vivenciado uma fase de cada vez. “Foram etapas, momentos bem difíceis. Os momentos mais difíceis da minha vida e carreira. Com o passar do tempo fomos recuperando a parte física e psicológica. Aos poucos fomos evoluindo e sentindo a energia que a vida nos proporciona. Fomos revivendo conforme a recuperação”, pontua. Ao falar do amigo que perdeu, Conrado não economiza nos elogios. “Ele fez minha vida melhorar muito”, revela. O jovem cantor e Aleksandro se conheceram em 2014 num churrasco com amigos em comum, que quatro anos depois levou à proposta de parceria musical. Já em 2019, eles dividiram o palco em 147 shows e gravaram o primeiro DVD na presença de 10 mil pessoas.
Depois da pandemia, as projeções para o futuro da dupla na época, conforme Conrado, eram as melhores possíveis. “Retomamos em novembro de 2021 quando começou a abrir algumas coisas. Tínhamos acabado de soltar uma música em abril que ficou marcada na nossa história, o ‘Efeito Borboleta’. Íamos gravar um DVD no fim do ano passado, a projeção era muito positiva”, declara.
Durante um período após o acidente a música deixou de estar nos planos de carreira de Conrado. “Não era minha intenção voltar a cantar, porque foi uma tragédia muito grande por toda a situação que passei, passei por esse momento de perder a esperança na música”, desabafa.
A perspectiva dele mudou conforme seguia com o tratamento físico e psicológico. Neste ano, o músico voltou a compor e sentir novamente o desejo de estar nos palcos fazendo o que mais gosta. “Conforme a evolução e tratamento eu vi que é uma coisa que amo fazer, não é uma simples profissão. Amo levar alegria para as pessoas, é um transmitir de sentimentos através da música. A sensação de estar de volta é uma sensação de vida, é como se fosse uma ressurreição da minha parte”, destaca.
O cantor faz suspense em relação às novidades na carreira que irá retomar na companhia de outra pessoa. “O formato não é solo, é uma dupla, é um projeto bem bacana, tem tudo pra dar certo”, conta.
quarta-feira, 15 de março de 2023