CIDADES
INTERNACIONAL
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
RIOVERDEMS | Por PORTAL RIOVERDE NOTICIAS

Para relançar a indústria naval no Brasil, o governo petista investiu em uma empresa que hoje está quase falida


O NAUFRÁGIO DE UM SONHO
Fruto do ideário petista de usar o pré-sal para refundar a indústria naval brasileira, a Sete Brasil agora luta para sobreviver e não ser arrastada para o lamaçal do petrolão
Reportagem de Malu Gaspar publicada em edição impressa de VEJA
Reside em um edifício comercial de janelas espelhadas com vista para Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, um dos mais vistosos símbolos do delírio petrolífero petista. É ali que funciona a Sete Brasil, empresa formada por bancos privados, por fundos de pensão e pela própria Petrobras para administrar as sondas de exploração do pré-sal.
No passado não muito distante, a nova fronteira exploratória era considerada tão promissora que os dirigentes da estatal só a chamavam de “bilhete premiado”. Os ventos pareciam tão favoráveis que a Petrobras fez uma encomenda recorde à Sete – eram 28 sondas por 89 bilhões de dólares – com a exigência de que fossem construídos no Brasil pelo menos 55% decada uma delas.
Essa imposição enquadrava-se na política do conteúdo nacional, fincada na ideia de que valia a pena pagar mais caro pelos equipamentos e dar contratos a estaleiros que ainda nem existiam para fazer a indústria nacional deslanchar.
Tudo isso foi dimensionado na era pré-petrolão, quando o dinheiro afluía aos bilhões para o projeto petista. Só que o curso da história mudou, e a Sete agora está à míngua, com risco até de quebrar. Os recursos secaram e ninguém mais quer emprestar dinheiro a uma empresa no radar dos escândalos.
As empreiteiras donas dos estaleiros estão no epicentro da Operação Lava-Jato. Seu interlocutor na Sete era ninguém menos do que Pedro Barusco, homem-chave no propinoduto.
PRÓXIMO ALVO — O ex-presidente da Sete João Carlos Ferraz tinha contado estreito com Lula e com o ex-deputado André Vargas: na empresa, o interlocutor das empreiteiras era Barusco, homem-chave do esquema (Foto: Leo Pinheiro/Valor)
Nos bastidores, os acionistas privados da Sete, entre eles os bancos BTG, Bradesco e Santander, travam uma guerra com a Petrobras, que até a semana passada resistia a assinar um documento que pode dar sobrevida à empresa. Trata-se de uma ratificação das condições do acordo firmado entre a estatal e a Sete Brasil em sua origem, no fim de 2011. Esse aceno é pré-requisito para que se destrave no BNDES um empréstimo de 8 bilhões de reais que fará a Sete respirar.
Só que a Petrobras, mergulhada na pior crise de sua história, teme dar andamento a um negócio de custos elevados, tocado por empreiteiras para lá de submersas na lama da corrupção. Nas últimas semanas, os sócios da Sete bateram à porta do governo federal fazendo pressão para que a assinatura saísse.
Os ânimos haviam se amainado dias atrás, quando a presidente Dilma Rousseff dera ordens para que a estatal atendesse ao apelo dos acionistas. Mas há ainda outro obstáculo. O BNDES só irrigará o caixa da Sete depois que os executivos de todos os estaleiros fizerem uma declaração formal de que nunca tiveram conhecimento de nenhum desvio de recursos. Caso o imbróglio se estenda até o fim de fevereiro, a Sete terá de fechar as portas.
Criada para captar dinheiro, intermediar a contratação dos estaleiros e gerenciar o aluguel das sondas, a empresa nasceu com investimento de 8 bilhões de dólares de bancos, fundos privados e de pensão atraídos por uma promessa como poucas vezes se viu no setor de petróleo: um retorno garantido de 13% sobre o capital.  O risco era ter de depender de um único cliente – a Petrobras -, mas isso soou palatável à época, já que recursos afluiriam dos bancos estatais e o mercado internacional ia de vento em popa.
O generoso contrato tinha o claro propósito de fomentar a criação de uma indústria local. Era o preço da política do conteúdo nacional. A dura realidade, no entanto, vem enterrando o sonho petista. Com o preço do petróleo em queda e a crise deflagrada na estatal, não há mais como sustentar as cifras de antes.
Desde novembro, a Sete parou de pagar os estaleiros, e a produção de dezessete das 28 sondas entrou em compasso de espera. “Esse modelo era claramente insustentável. O fracasso estava em seu DNA”, diz o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
A Sete foi concebida, em primeiro lugar, com o propósito de aliviar as finanças da Petrobras, atraindo investidores privados para realizar uma das etapas mais caras da cadeia do petróleo: a produção de sondas. Mas outro motivo inconfessável também deu um empurrãozinho à nova empresa.
Em 2010, antes da existência da Sete, foi a própria Petrobras que se encarregou da primeira licitação de sondas – eram 21. Segundo relataram a VEJA executivos que acompanharam de perto o processo, instaurou-se uma crise quando vieram à luz os vencedores. O consórcio da construtora Odebrecht, dono da proposta mais cara, ficara de fora, e governo da Bahia, onde ficaria o estaleiro, não parava de pressionar a estatal.
A criação da Sete trouxe a saída. A Petrobras ficou apenas com um lote de sete sondas e a nova empresa refez a licitação das outras. Ninguém se surpreendeu quando a Odebrecht foi escolhida.
O então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, indicou à presidência da Sete João Carlos Ferraz, da área financeira da estatal, e pôs abaixo dele Pedro Barusco, ex-braço-direito do diretor de Serviços Renato Duque. Ferraz logo estabeleceu linha direta com o ex-presidente Lula, que lhe telefonava com frequência e o recebeu mais de uma vez em seu instituto, em São Paulo.
Já o agora deputado federal cassado André Vargas (ex-PT-PR) preferia visitar a Sete pessoalmente. Tais encontros passaram despercebidos aos acionistas, mas, com o tempo, ficou claro que Barusco mantinha relação próxima demais com o ex-ministro José Dirceu. Incomodados, os sócios pressionaram Ferraz, que, ainda em 2012, acabou afastando Barusco com uma licença médica.
Em julho de 2013, bem antes de delatar o petrolão, ele foi finalmente demitido, mas sua sombra continua a pairar sobre a Sete Brasil.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

OK NET

https://www.facebook.com/ok.net.rv.2025

SUPERMERCADO BOM PREÇO

https://picasion.com/

RESTAURANTE IZABEL

http://picasion.com/