Lei da ficha limpa:impacto nas eleições de outubro
Os advogados que costumam
defender os políticos com problemas na Justiça estão prevendo grande
impacto nas eleições de outubro com a validação da Lei da Ficha Limpa,
julgada constitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os advogados
avaliam que muitos políticos devem ficar pendurados com aprovação da
lei.André Borges ressalta que a mudança vai impedir a candidatura de
interessados condenados em segundo grau. Assim, acredita que o processo
ficará mais ágil, já que os políticos não vão poder ficar recorrendo até
a última instância, o que enrola os casos.
“Sem dúvida é uma grande novidade, com inúmeras dificuldades para quem
responde. Antes recorria até o STF e STJ, para depois ser avaliado se
era inelegível. A lei abreviou pela metade. Vai ter muitos reflexos
municipais e afastar muitos. É uma verdadeira bomba nas pretensões
políticas de muitos aqui no Estado. Muita gente que tem pretensão não
poderá ser mais”.
O advogado Newley Amarilla avalia que a lei é muito importante,
principalmente por conta da tendência de moralização das eleições e da
política em geral. “Penso que a lei sendo aplicada mais depressa permite
que o eleitor escolha quem não tem antecedente. Os candidatos que se
apresentarem vão ter pelo menos mais idoneidade. Sinaliza uma mudança. A
política deve ser coisa de gente séria”.
O advogado Carlos Marques entende que a validação provocará muitas
mudanças no cenário e acredita que muitos vão desistir de se candidatar.
Marques avalia que a decisão dificulta a defesa, já que os juízes terão
a decisão do STF para se basear. “Cria restrição para muita gente. Vai
aumentar muito o numero de pedido de impugnação, mas muitos não devem
nem se lançar”.
Partidos - Os representantes de partidos entendem que a lei é
importante, mas afirmam que os candidatos não terão problemas. O
presidente estadual do PMDB, Esacheu Nascimento, esclarece que a lei não
abrange só a parte judicial, mas também representações de classe,
incluindo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ele acredita que a
medida vem ao encontro da sociedade brasileira.
Não aguentamos mais pessoas com condutas que não servem para
relacionar em áreas privadas, podendo ocupar cargo público. É algo que
estava em desencontro com a lógica”. Esacheu afirma que sempre defendeu a
aprovação da lei e afirma que o seu partido só discute nomes ilibados.
“A lei existe e deve ser aplicada de forma imediata, se a vontade do
constituinte foi assim”.
O presidente estadual do PT, Marcus Garcia, interpreta a decisão como um
avanço para a sociedade, já que a medida não coíbe apenas as
candidaturas de quem não tomou cuidado, mas também serve de alerta para
quem pretende entrar na vida pública.
A sociedade tem cobrado mais probidade para os que pretendem conduzir
os interesses do povo. É só observar que a lei de responsabilidade
fiscal já teve um avanço. Com a vinda dela, os gestores começaram a
entender que devem cumprir exigências para não deixar rombo. Ela filtra e
traz mais seriedade para a vida e administração pública”.O presidente estadual do PDT, Dagoberto Nogueira, avalia a lei como
importante e afirma que quando estava na Câmara fez o encaminhamento
para que a lei fosse à votação. Ele alega que lutou para que o projeto
original fosse encaminhado e afirma que o partido vai lutar para a
manutenção da lei, votando contra as tentativas de torná-la mais branda.
“O eleitor nem sempre consegue todas as informações necessárias. A lei
vai tirar pessoas que comprovadamente fizeram coisas erradas”.
Dagoberto se envolveu em uma polêmica durante a sua candidatura para o
Senado Federal em 2010, mas sua candidatura acabou sendo validada. Sobre
as denúncias, afirma que não há nenhuma condenação. Ele alega que em um
dos casos foi acusado de propaganda antecipada ao distribuir um
panfleto sobre a Lei Seca, o que avalia que não tem fundamento, tendo em
vista que a lei era contra interesses dos comerciantes e não poderia
funcionar como campanha.
No segundo processo, Dagoberto afirma que a denúncia não “tem
cabimento”. O ex-deputado alega que a acusação é relacionada com outra
pessoa, após desvios de uma empresa terceirizada. Dagoberto afirma que o
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que era secretário de
Fazenda de Zeca do PT, foi absolvido e ele tenta ser excluído do
processo.
Com a aprovação da Ficha Limpa, fica inelegível, por oito anos a partir
da punição, o político condenado pelos crimes de compra de votos,
fraude, falsificação de documento público, lavagem e ocultação de bens,
improbidade administrativa, entre outros.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012