Sírios pedem ação da ONU após 111 mortes no 'dia mais sangrento' da Síria
As forças sírias mataram 111 pessoas antes do início de uma missão para
monitorar a implementação pelo presidente Bashar al-Assad de um plano
de paz da Liga Árabe, disseram ativistas nesta quarta-feira, enquanto a
França descrevia as mortes como um "massacre sem precedentes".
Rami Abdulrahman, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, disse
que 111 civis e ativistas foram mortos, além de haver cem vítimas entre
desertores do Exército na província de Idlib, transformando a
terça-feira (20), segundo ele, no "dia mais sangrento da revolução
síria".
"Houve um massacre de uma escala sem precedentes na Síria na terça",
disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França,
Bernard Valero. "É imperativo que o Conselho de Segurança da ONU emita
uma firme resolução pedindo o fim da repressão."
O Conselho Nacional Sírio, principal força da oposição, exigiu uma ação internacional para proteger os civis.
A escalada do número de mortos em nove meses de distúrbios populares levantou o espectro da guerra civil na Síria,
com Assad, de 46 anos, tentando parar os protestos com soldados e
tanques apesar das sanções internacionais impostas para levá-lo ao
caminho da reforma.
O Observatório disse que rebeldes destruíram 17 veículos militares em
Idlib, uma província na fronteira com a Turquia, desde domingo, matando
14 membros das forças de segurança na terça-feira em uma emboscada na
província de Deraa, ao sul, onde começaram os protestos contra Assad.
Os eventos na Síria são difíceis de comprovar porque as autoridades
proibiram o trabalho da maior parte dos jornalistas independentes. Mas o
banho de sangue de terça-feira elevou para mais de 200 número de mortes
divulgado por ativistas nas últimas 48 horas.
Monitores de paz árabes
O Conselho Nacional Sírio disse que 250 pessoas foram mortas na segunda
e na terça-feira em "massacres sangrentos", e que a Liga Árabe e as
Nações Unidas devem proteger civis.
A entidade exigiu "uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da
ONU para discutir os massacres do regime (de Assad) em Jabal
al-Zawiyah, Idlib e Homs, principalmente", e pediu a criação de "zonas
de segurança" sob proteção internacional.
Também disse que essas regiões deveriam ser declaradas áreas de
desastre e instou o Crescente Vermelho Internacional e outras
organizações humanitárias a fornecer ajuda.
Na terça-feira, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Elaraby, disse
que uma equipe de observação iria para a Síria na quinta-feira preparar o
caminho para a chegada de 150 monitores no final de dezembro.
A Síria adiou durante semanas a assinatura de um protocolo, firmado na
segunda-feira, para permitir a entrada dos monitores, que vão checar seu
compromisso com o plano para acabar com a violência, retirar os
soldados das ruas, libertar os prisioneiros e dialogar com a oposição.
"Daqui a uma semana, a partir do início da operação, saberemos (se a Síria está cumprindo o acordo)", disse Elaraby.
Ativistas pró-democracia sírios estão céticos sobre o compromisso de
Assad com o plano que, se implementado, poderia reforçar as exigências
dos manifestantes pelo fim de seus 11 anos de governo, que se seguiram a
três décadas de domínio sob seu pai.
As Nações Unidas disseram que mais de 5.000 pessoas foram mortas na
Síria desde que os protestos anti-Assad começaram em março, encorajados
por outros levantes populares no mundo árabe que derrubaram ditadores na
Tunísia, Egito e Líbia até agora.quarta-feira, 21 de dezembro de 2011