Câmara aprova projeto que proíbe pais de baterem nos filhos
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (14) o projeto de lei 
que proíbe os pais de baterem nos filhos. Votada em caráter conclusivo 
na comissão especial formada para analisar a proposta, a chamada "Lei da
 Palmada" não precisará ser analisada em plenário e seguirá direto para o
 Senado. Existe a possibilidade de o projeto ser encaminhado ao plenário
 da Câmara, para votação com todos os deputados da Casa, mas para isso 
seria necessário juntar 52 assinaturas até o prazo de cinco sessões, o 
que poderia ocorrer só em  2012.
 Relatado pela deputada Teresa Surita (PMDB-RR), o projeto prevê que 
pais que maltratarem os filhos sejam encaminhados a programa oficial de 
proteção à família e a cursos de orientação, tratamento psicológico ou 
psiquiátrico, além de receberem advertência. A criança que sofrer a 
agressão deverá ser encaminhada a tratamento especializado.
 As medidas serão aplicadas pelo juiz da Vara da Infância. Teresa Surita
 destacou que não há, no texto, qualquer previsão de multa, prisão ou 
perda da guarda dos filhos.
 "Dar uma palmada não é crime, não acontece nada com os pais como 
punição. Não se propõe que se puna ou penalize os pais. [...] Mas a 
palmada é uma violência, é o início de qualquer agressão. A essência da 
lei é proteger a criança de qualquer agressão", disse a deputada.Pelo texto do projeto, crianças e adolescentes "têm o direito de serem 
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel 
ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
 outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, 
pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas 
socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, 
educar ou proteger".
 "Na educação de crianças e adolescentes, nem suaves palmadinhas nem 
beliscões, nem xingamentos, nem qualquer forma de agressão, tenha ela a 
natureza e a intensidade que tiver, pode ser admitida", afirmou a 
relatora da proposta no parecer lido na Comissão Especial.
 Um dos artigos do projeto de lei prevê multa de três a 20 salários 
mínimos a médico, professor ou ocupante de cargo público que deixar de 
denunciar casos de agressão a crianças ou adolescentes. A denúncia pode 
ser feita ao conselho tutelar ou a outra autoridade competente, como 
delegado, Ministério Público ou juiz.
 A presidente da Comissão Especial, Érika Kokay (PT-DF), defendeu a 
proposta. "O castigo corporal só muda o comportamento na frente do 
agressor. Não é um mecanismo eficiente de convencimento, porque não muda
 a conduta de quem é agredido. Quem é agredido aprende a resolver 
conflitos através da violência e a subjugar o mais fraco."
 De acordo com o texto do projeto, castigo físico é "ação de natureza 
disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em lesão à
 criança ou adolescente". Já tratamento cruel ou degradante é definido 
como "conduta ou forma cruel de tratamento que humilhe, ameace 
gravemente ou ridicularize a criança ou o adolescente".
Castigo ou agressão
 Nesta terça (13), a sessão que votaria o projeto foi adiada por falta 
de quorum, após divergências com a bancada evangélica sobre o trecho que
 cita "castigos corporais". Os parlamentares religiosos reivindicavam a 
substituição por "agressões físicas". A sugestão, contudo, não foi 
acatada por defensores da proposta.
 "O que todos querem é que fique 'castigo físico', porque se trata de 
uma agressão com objetivo de correção, tem caráter disciplinar", disse 
Teresa Surita. Segundo ela, havia uma preocupação da bancada evangélica 
de que a lei significasse uma interferência do Estado na família.
 "A preocupação é de que não haja uma interferência do Estado na 
família. Essa lei não é punitiva, ela é pedagógica", afirmou. Durante a o
 debate na Comissão Especial o deputado Edmar Arruda (PSC-RR), 
integrante da bancada evangélica, questionou a decisão da relatora de 
não substituir "castigo" por "agressão".
 "Nós dissemos a vossa excelência que não gostaríamos de ver no texto a 
palavra castigo, gostaríamos que fosse alterado para agressão. Quero 
saber por que não houve essa alteração, já que tínhamos um acordo", 
afirmou.
 A deputada Teresa Surita, então, explicou que conversou com o líder da 
bancada evangélica, João Campos, e que ele disse concordar com a 
manutenção do trecho original. Com a explicação, o deputado Edmar Arruda
 aceitou votar a proposta.quarta-feira, 14 de dezembro de 2011








